Cartaz
americano de apoio à Grécia durante a II Guerra Mundial
Um cidadão alemão escreveu uma carta aberta aos gregos, publicada na revista Stern. Um grego, Georgios P. Psomas respondeu-lhe pondo os pontos em todos os iis.
Ambas
foram traduzidas pelo Sérgio Ribeiro e encontrei uma versão em inglês. Esta roca de
correspondência já data de 2010. Georgios conta-nos aquilo que toda a imprensa
europeia cala. Merece ser lida, sobretudo por todos aqueles que têm tratado os
gregos como culpados de tudo, incluindo o pecado original. e vou aqui
transcrever os dois textos.
Depois da Alemanha ter tido de salvar os bancos, agora tem de salvar também a Grécia
OS
GREGOS, QUE PRIMEIROS FIZERAM ALQUIMIAS COM O EURO, AGORA, EM VEZ DE FAZEREM
ECONOMIAS, FAZEM GREVES
Caros
gregos,
Desde
1981 pertencemos à mesma família.
Nós,
os alemães, contribuímos como ninguém mais para um Fundo comum, com mais de 200
mil milhões de euros, enquanto a Grécia recebeu cerca de 100 mil milhões dessa
verba, ou seja a maior parcela per capita de qualquer outro povo da U.E.
Nunca
nenhum povo até agora ajudou tanto outro povo e durante tanto tempo.
Vocês
são, sinceramente, os amigos mais caros que nós temos.
O
caso é que não só se enganam a vocês mesmos, como nos enganam a nós.
No
essencial, vocês nunca mostraram ser merecedores do nosso Euro. Desde a sua
incorporação como moeda da Grécia, nunca conseguiram, até agora, cumprir os
critérios de estabilidade. Dentro da U.E., são o povo que mais gasta em bens de
consumo
Vocês
descobriram a democracia, por isso devem saber que se governa através da vontade
do povo, que é, no fundo, quem tem a responsabilidade. Não digam, por isso, que
só os políticos têm a responsabilidade do desastre. Ninguém vos obrigou a
durante anos fugir aos impostos, a opor-se a qualquer política coerente para
reduzir os gastos públicos e ninguém vos obrigou a eleger os governantes que têm
tido e têm.
Os
gregos são quem nos mostrou o caminho da Democracia, da Filosofia e dos
primeiros conhecimentos da Economia Nacional.
Mas,
agora, mostram-nos um caminho errado. E chegaram onde chegaram, não vão mais
adiante!!!
Walter
Wuelleenweber
Resposta de Georgios Psomás
Caro
Walter,
Chamo-me
Georgios Psomás. Sou funcionário público e não “empregado público” como,
depreciativamente, como insulto, se referem a nós os meus compatriotas e os teus
compatriotas.
O
meu salário é de 1.000 euros. Por mês, hem!… não vás pensar que por dia, como te
querem fazer crer no teu País. Repara que ganho um número que nem sequer é
inferior em 1.000 euros ao teu, que é de vários milhares.
Desde
1981, tens razão, estamos na mesma família. Só que nós vos concedemos, em
exclusividade, um montão de privilégios, como serem os principais fornecedores
do povo grego de tecnologia, armas, infraestruturas (duas autoestradas e dois
aeroportos internacionais), telecomunicações, produtos de consumo, automóveis,
etc.. Se me esqueço de alguma coisa, desculpa. Chamo-te a atenção para o facto
de sermos, dentro da U.E., os maiores importadores de produtos de consumo que
são fabricados nas fábricas alemãs.
A
verdade é que não responsabilizamos apenas os nossos políticos pelo desastre da
Grécia. Para ele contribuíram muito algumas grandes empresas alemãs, as que
pagaram enormes “comissões” aos nossos políticos para terem contratos, para nos
venderem de tudo, e uns quantos submarinos fora de uso, que postos no mar,
continuam tombados de costas para o ar.
Sei
que ainda não dás crédito ao que te escrevo. Tem paciência, espera, lê toda a
carta, e se não conseguir convencer-te, autorizo-te
a que me expulses da Eurozona, esse lugar de VERDADE, de PROSPERIDADE, da
JUSTIÇA e do CORRECTO.
Estimado
Walter,
Passou
mais de meio século desde que a 2ª Guerra Mundial terminou. QUER DIZER MAIS DE
50 ANOS desde a época em que a Alemanha deveria ter saldado as suas obrigações
para com a Grécia.
Estas
dívidas, QUE SÓ A ALEMANHA até agora resiste a saldar com a Grécia (Bulgária e
Roménia cumpriram, ao pagar as indemnizações estipuladas), e que consistem
em:
1.
Uma dívida de 80 milhões de marcos alemães por indemnizações, que ficou por
pagar da 1ª Guerra Mundial;
2.
Dívidas por diferenças de clearing, no período entre-guerras, que
ascendem hoje a 593.873.000 dólares EUA.
3.
Os empréstimos em obrigações que contraíu o III Reich em nome da Grécia, na
ocupação alemã, que ascendem a 3,5 mil milhões de dólares durante todo o período
de ocupação.
4.
As reparações que deve a Alemanha à Grécia, pelas confiscações, perseguições,
execuções e destruições de povoações inteiras, estradas, pontes, linhas férreas,
portos, produto do III Reich, e que, segundo o determinado pelos tribunais
aliados, ascende a 7,1 mil milhões de dólares, dos quais a Grécia não viu sequer
uma nota.
5.
As imensuráveis reparações da Alemanha pela morte de 1.125.960 gregos (38,960
executados, 12 mil mortos como dano colateral, 70 mil mortos em combate, 105 mil
mortos em campos de concentração na Alemanha, 600 mil mortos de fome, etc.,
etc.).
6.
A tremenda e imensurável ofensa moral provocada ao povo grego e aos ideais
humanísticos da cultura grega.
Amigo
Walter, sei que não te deve agradar nada o que escrevo. Lamento-o.
Mas
mais me magoa o que a Alemanha quer fazer comigo e com os meus
compatriotas.
Amigo
Walter: na Grécia laboram 130 empresas alemãs, entre as quais se incluem todos
os colossos da indústria do teu País, as quais têm lucros anuais de 6,5 mil
milhões de euros. Muito em breve, se as coisas continuarem assim, não poderei
comprar mais produtos alemães porque cada vez tenho menos dinheiro. Eu e os meus
compatriotas crescemos sempre com privações, vamos aguentar, não tenhas
problema. Podemos viver sem BMW, sem Mercedes, sem Opel, sem Skoda. Deixaremos
de comprar produtos do Lidl, do Praktiker, da IKEA.
Mas
vocês, Walter, como se vão arranjar com os desempregados que esta situação
criará, que por aí vos vai obrigar a baixar o seu nível de vida, perder os seus
carros de luxo, as suas férias no estrangeiro, as suas excursões sexuais à
Tailândia?
Vocês
(alemães, suecos, holandeses, e restantes “compatriotas” da Eurozona) pretendem
que saíamos da Europa, da Eurozona e não sei mais de onde.
Creio
firmemente que devemos fazê-lo, para nos salvarmos de uma União que é um bando
de especuladores financeiros, uma equipa em que só jogamos se consumirmos os
produtos que vocês oferecem: empréstimos, bens industriais, bens de consumo,
obras faraónicas, etc.
E,
finalmente, Walter, devemos “acertar” um outro ponto importante, já que vocês
também são devedores da Grécia:
EXIGIMOS
QUE NOS DEVOLVAM A CIVILIZAÇÃO QUE NOS ROUBARAM!!!
Queremos
de volta à Grécia as imortais obras dos nosos antepassados, que estão guardadas
nos museus de Berlim, de Munique, de Paris, de Roma e de Londres.
E
EXIJO QUE SEJA AGORA!! Já que posso morrer de fome, quero morrer ao lado das
obras dos meus antepassados.
Cordialmente,
Georgios
Psomás
Olá Dama! tudo bem!
ResponderEliminarMuito bom!
um ótimo final de semana pra Voce!!!