quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Insectos, o futuro da alimentação humana?

Salvar o planeta da necessidade humana pela alimentação, não significa cortar na carne, de acordo com uma nova pesquisa: o truque pode passar por mudar a nossa dieta para insetos e outros rastejantes.

Hoje já se sabe que a criação de gado, como vacas, porcos e ovelhas ocupa dois terços das terras agrícolas do mundo e gera 20% de todos os gases com efeito de estufa causadores do aquecimento global. Como resultado, as Nações Unidas e figuras seniores querem reduzir a quantidade de carne que comemos e continua em busca de alternativas.

Um documento de orientação sobre o consumo de insetos está a ser formalmente considerado pela ONU para a Alimentação e a Agricultura. A FAO realizou uma reunião sobre o tema na Tailândia em 2008 e há planos para um congresso mundial em 2013.

O Professor Arnold van Huis, um entomologista na Universidade de Wageningen, na Holanda e autor do jornal da ONU, diz que comer insetos tem vantagens.

"Há uma crise da carne", disse ele. "A população mundial crescerá de seis bilhões atuais para nove bilhões em 2050 e sabemos que as pessoas estão a consumir mais carne. Há vinte anos atrás, a média era de 20 kg, agora é 50 kg. Em vinte anos será de 80 Kg. Se continuarmos assim vamos precisar de outra Terra ".

Van Huis é um entusiasta comedor de insectos insetos, mas dado o seu papel como consultor da FAO,  não pode ser descartado como impulsionador da ideia. "A maioria dos povos do mundo já come insetos", ressalta. "Só o mundo ocidental é que não. Psicologicamente nós temos um problema com eles mas não deveríamos ter porque também comemos camarões, que são muito semelhantes."

As vantagens dessa dieta incluem os níveis elevados de vitaminas, proteínas e minerais e, pesquisas mais recentes de Van Huis com o colega Dennis Oonincx, mostram que as culturas de insetos produzem gases do efeito estufa em muito muito menor quantidade do que o gado que criamos.Insetos comumente consumidos como gafanhotos, grilos, larvas de farinha e minhocas, emitem 10 vezes menos metano e 300 vezes menos óxido nitroso do que o gado, para além do aquecimento provocado pelo gas e amónia produzidos pelos suínos e a avicultura.

Acresce dizer que os insetos são metabolicamente mais eficientes, o que os torna muito mais baratos de se alimentar e engordar e, uma vez que eles são tão biologicamente diferentes dos seres humanos, eles estão menos sujeitos a desenvolver doenças contagiosas como o surto da vaca louca. E com mais de 1.000 espécies comestíveis em 80% das nações, sendo que eles são mais populares nos trópicos onde crescem em tamanhos maiores o que os torna mais fáceis de colher, não é por falta de oferta de variedades que não se terá refeições deliciosas.
Mas como convencer o ocidente em particular e em geral toda a população a comê-los? Van Huis sugere: "É muito importante a forma como têm de ser preparados para superar o factor repulsa e nojo."
O plano que ele propõe deve seguir em duas fases: na primeira fase, a cultura de insetos serviria apenas para alimentar os animais convencionais como os frangos e peixes, e então gradualmente, introduzir-se-ia a dieta diretamente no menu dos seres humanos. Segundo o entomologista, eles estão a procurar maneiras de moer a carne do insecto em uma espécie de empada, que seria mais reconhecível aos paladares ocidentais.
Em Abril de 2008, uma instituição americana liderada por Patrick Durst deu início a um projeto-piloto de cultura de gafanhotos no Laos, onde entomofagia não é inédita, mas está em declínio, devido à cada vez maior influência cultural do Ocidente naquela sociedade. Durst, cujo insecto favorito é vespa frita que considera " muito crocante e um belo lanche light" disse: "Havia alguns defensores de uma indústria maior de laticínios no Laos  para melhorar uma deficiência de cálcio",  "Mas isso é loucura, quando a maioria dos asiáticos são intolerantes à lactose." Gafanhotos e grilos são ricos em cálcio e 90% das pessoas no Laos já comeram insetos no passado. " Para Durst a prioridade da FAO será o de voltar a estimular o consumo de insetos, onde isso já é aceito e descartar a influência cultural do oeste. 15.000 agricultores domésticos já criavam gafanhotos na Tailândia, e segundo estudiosos, a experiência pode ser transferida para outro local.


Ele também acredita que um tal impulso pode fornecer meios de vida e proteger as florestas onde muitos insetos silvestres são coletados. "Eu posso ver um processo passo-a-passo para uma implementação mais alargada".

Um dos poucos fornecedores de insetos para consumo humano no Reino Unido é Paul Cook, cujo negócio está sediado em Osgrow,Bristol. Segundo ele, não importa como eles são comercializados ou apresentados, Cook simplesmente  está convencido de que, insectos nunca vão passar de um novidade e que são consumidos apenas por diversão. No reino Unido a ideia nunca vai ganhar forma.

Fonte da notícia original : http://www.guardian.co.uk/environment/2010/aug/01/insects-food-emissions
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Minha opinião:
Quando li esta notícia no Guardian e no POPSCI foi-me inevitável reflexionar por alguns momentos.
É que eu sou ocidental a 100% e não vejo forma de ultrapassar o nojo e repulsa se vir um asqueroso de um insecto no meu prato de comida mas... um dia , pelos vistos todos seremos obrigados a reconsiderar os nossos gostos e , nesse caso eu só vejo uma solução...
Vou passá-la para si, caro/a leitor/a , para se ir acostumando à ideia.
Aqui vai a dica:
A próxima vez que, por acidente a mosca cair no seu prato da sopa, não reclame! Não faça nada! Considere-a parte dos ingredientes da sua sopinha e ... continue a comer normalmente.
 
 
É capaz disso?
Eu não vou responder :-)

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